Regras Estoicas para a Vida.

Regras Estoicas Para uma vida boa.

Somos seres em aprimoramento constante. Erguemos edifícios baseados em nossas certezas para depois demoli-los com a descoberta de novos conhecimentos e com a experiência da vida. Se tivermos sorte, esse processo acontecerá muitas vezes.

Não estamos prontos, nunca. Como disse Mario Sergio Cortella, devemos ser hoje uma versão renovada e ampliada do que fomos ontem.

A incompletude faz parte da natureza humana e é o que nos impulsiona a buscar novos caminhos. No entanto, vivemos sendo atropelados pela vida. O ritmo moderno tritura o espírito dos descuidados com engrenagens fortes e grandes. Há um excesso de informação que corrompe as ideias e um volume incalculável de distrações prazerosas que anestesiam nossos sentidos.

Séculos atrás, a escola filosófica Estoica, buscava responder o que era uma vida boa. Como viver e como alcançar a melhor versão do indivíduo? Como podemos florescer e nos aprimorar?

Devemos buscar nosso propósito na vida, esse é um objetivo que nos conduz para escolhas mais sábias. Com Coragem, Moderação, Justiça e Sabedoria devemos buscar aprender mais para aprimorar nosso espírito.

Para ajudar nessa jornada turbulenta, o Estoicismo nos apresenta algumas regras para uma vida boa e que serve como ferramentas para a construção desse caminho de desenvolvimento do nosso espírito.

1 — Aceite o que não está sob o seu controle.

Existe o termo Dicotomia do Controle, que explica a mais relevante prática estoica: entender, aceitar e saber diferenciar o que podemos mudar e o que não está sob o nosso controle. Tudo pode ser dividido entre essas duas categorias.

Se não entendermos, nos deixaremos influenciar por tudo o que acontece ao nosso redor, mas só podemos controlar nossa intenção e as nossas ações.

A principal tarefa da vida é simplesmente esta: identificar e separar assuntos para que eu possa dizer de forma clara a mim mesmo quais são externos, que não estão sob meu controle e quais têm a ver com as escolhas que eu controlo. Onde então procuro o bem e o mal? Não para coisas externas incontroláveis, mas dentro de mim para as escolhas que são minhas”

Epicteto

2 — Aceite o Destino.

Diretamente ligada com a Dicotomia do controle, saber aceitar o destino, ou melhor, amar o destino como é, essa era a visão estoica. Amor Fati.

Devemos nos dedicar ao que está sob nosso poder de influência e controle. O trânsito, o clima, a economia, as ações e opiniões das outras pessoas, nada disso deve ser motivo de desgaste.

Não importa o quanto se preocupar, gritar, sentir raiva ou insatisfação. Devemos aceitar o que aconteceu e nos concentrar no que pode ser transformado através das nossas ações. Confirme a previsão do tempo e se for chover, leve um guarda-chuva, opte por mudar a data o seu compromisso, ou use boas botas de chuva e aceite se molhar. Só não reclame ou se culpe pela água que cai dos céus.

Minha fórmula para a grandeza no homem é Amor Fati: não querer nada de diferente, nem para frente, nem para trás, por toda a eternidade. Não apenas suportar aquilo que é necessário, muito menos dissimulá-lo todo o idealismo é falsidade diante daquilo que é necessário , mas sim amá-lo.

Friedrich Nietzsche

Ou o que disse Epicteto:

“Não procure que as coisas aconteçam do jeito que você quer; ao contrário, deseje que o que aconteçam como acontecem: então você será feliz.

Amor Fati traduz-se como o amor ao destino, ou a feliz aceitação de tudo o que pode acontecer, do jeito que for.

3 Aceite, reflita e medite sobre a sua mortalidade.

Vamos preparar nossas mentes como se estivéssemos chegando ao fim da vida. Não adiemos nada. Vamos equilibrar os livros da vida a cada dia. … Aquele que dá os últimos retoques em sua vida a cada dia nunca tem falta de tempo.”

Séneca

Vivemos e deixamos de viver por não se atentar na finitude da vida. Milhares de pessoas dedicam a maior parte do seu tempo para uma carreira infeliz, ou a um relacionamento fracassado sem se atentar que sua vida acabará.

Outro conceito estoico MEMENTO MORI: Lembre-se que morrerá.

Essa ideia nos ajuda a colocar em perspectiva a importância das situações. Nos provoca também a buscar uma vida com sentido, pois ela é breve e precisa ser bem vivida.

Não devemos encarar a morte como um peso, mas a iminência da morte pode ser um grande catalisador de mudanças positivas.

4 — Tudo é efêmero.

Nos apegamos com a importância dos problemas, deadlines são como ameaças de morte, mas tudo passará.

Impérios inteiros desapareceram. Ainda hoje descobrem-se novas pirâmides, que um dia foram grandes marcos da engenhosidade humana e que foram simplesmente engolidas pelo tempo, perderam a importância.

O mesmo com os seus problemas, paixões e apegos. Tudo passará.

Você e eu, todos os que conhecemos, todos passarão. Quando colocamos em perspectiva e com o conhecimento que temos hoje, ao saber que vivemos em um planeta dentre milhares de outros, somos efêmeros, mas não por isso insignificantes. Essa noção deve exercer em nós a importância da humildade e honestidade.

5 — Aceite que a vida é mudança.

Medo de mudança? Mas o que pode existir sem ela? O que está mais perto do coração da natureza? Dá para tomar um banho quente e deixar a lenha como estava? Comer alimentos sem transformá-los? Pode algum processo vital ocorrer sem que algo seja alterado?

Marco Aurelio

Resistimos à mudança, pois apreciamos o conforto e a previsibilidade dos dias. A rotina nos engana com a falsa ideia de controle. Mas como escreve o imperador, nada pode existir na vida sem se transformar. A vida é renovação constante.

Devemos ser flexíveis e elásticos. O que é rígido se quebra.

Leitura que recomendamos:

NÃO NASCEMOS PRONTOS: Este livro inspirador nos desafia a aprender sempre, olhando o mundo e a nós mesmos sob uma nova perspectiva. O autor mostra que quando estamos insatisfeitos somos capazes de inovar, mudar e nos construir aos poucos, pois o grande desafio humano é não se satisfazer com as coisas como estão. Quem assume este compromisso constrói uma existência significativa e gratificante.

DIÁRIO ESTOICO: Diário estoico traz uma meditação para cada dia do ano acompanhada por comentários perspicazes que contextualizam e elucidam os ensinamentos dos filósofos, além de exercícios e provocações que vão incentivar os leitores a modificar sua forma de pensar e agir. Também conta com um glossário bastante elucidativo de termos gregos e uma lista de leituras recomendadas para quem pretende se aprofundar no tema