Guia sincero para a prática da meditação

Meditar é sem dúvida uma prática que colabora radicalmente para uma melhor qualidade de vida.

No período mais intenso da pandemia, com todas as incertezas e inseguranças, foi uma rotina de meditação diária que me ajudou a manter a sanidade.

Porém, quando alguém fala sobre o ato de meditar, sempre se fala de um lugar já resolvido. Como se aquela pessoa tivesse chegado num lugar um pouco mais elevado. Isso pode não ser convidativo para quem tem curiosidade e vontade de começar.

Se você é novo na meditação, é fácil se confundir com a mensagem comercializada na internet e no tom de voz aveludado, tranquilo e bem resolvido, dos instrutores de Mindfulness. Imagens de pessoas sentadas em um ambiente apropriado, com um leve sorriso no rosto e paz de espírito, simplesmente por se concentrar na respiração alguns minutos por dia.

Por isso resolvi dar a minha contribuição sincera:

Meditar é difícil

Você pode sentar para meditar e ter uma experiência desafiadora e não prazerosa. Ao ficar em silêncio, sua cabeça será invadida por pensamentos de todos os tipos. sua lista de compras, uma conversa que você teve com o seu pai 10 anos atrás, as opções de escola que sua esposa generosamente está pesquisando para as crianças, os apartamentos que precisa visitar antes de decidir onde vai morar. 

Meditar é o exercício da presença gentil. E por mais simples que possa parecer, é uma das atividades mais desafiadoras do mundo. No entanto, o melhor da vida está no aprimoramento pessoal diante desses obstáculos. Perseverança caro amigo e amiga.

Meditar nos confunde

Meditar é ser e estar presente sem julgamento e com gentileza. Pode acontecer durante uma prática formal, guidada ou não. Contudo, a presença é exercitada em nossa plena existência mundana. O objetivo é nos sentir presentes ao lavar a louça, ao cozinhar, tocar um instrumento, ler, brincar com as crianças, trabalhar. Serão anos de prática meditativa para experimentar essa sensação no dia a dia, ou pode acontecer já nas primeiras primeiras semanas os indícios dessa atenção plena em tudo.

Haverá dias que você meditará harmoniosamente na prática sentada, mas ficará disperso no resto do dia. O contrário também é uma possibilidade. A vida é confusa e caótica, nosso aprendizado é como conviver e criar no meio desse caos. Meditação nos ajuda nesse processo.

Meditar exige muita prática.

Não é sentando por 5 minutos, 2 vezes por semana que você vai sentir que evoluiu na meditação.

É necessário entender que meditar é estudar a si mesmo. Quanto mais aprendemos sobre determinado assunto, mais conscientes ficamos do quão pouco sabemos. 

Você vai sentir que fracassou

Depois de meses meditando, vez ou outra você ainda vai achar que não sabe o que está fazendo, ou se está no caminho certo. Com disciplina, você pode meditar todos os dias durante semanas, e sentir que domina esse hábito para logo depois surpreender-se com a realidade de que não existe domínio ou controle. existe aceitação. Em dias de dificuldade, normalmente procuramos o motivo ou o culpado (nós, o mundo, ou os dois), mas aceitar as incertezas e a constante mudança de tudo é o único caminho.

Meditar vai mostrar os seus defeitos

Nesse mergulho diário na sua existência, você encontrará informações novas, lembranças que nem sabia que ainda existiam também emergirão. fantasmas e carrascos internos sempre estão rodeando sua mente. Enfrenta-los não é o caminho mais positivo. Fazer amizade com essa voz crítica na sua cabeça é a melhor atitude. Eu confesso que ainda estou longe dessa relação, mas sigo confiando no processo.

Você vai achar que todo mundo precisa meditar.

Com a experiência, você vai meditar mais vezes e por períodos mais longos. Consequentemente se sentirá mais presente nas atividades diárias e no seu relacionamento com as pessoas ao seu redor. 

Vai perceber como a maioria das pessoas com quem convive precisa ser mais presente na própria vida. Você vai querer recomendar uma prática de Mindfulness para todos que conhece.

Pode até se sentir um ser melhor do que as outras pessoas, só por que você medida e elas não. Aí como escreve o Jamaicano Mooji, você caiu numa armadilha do ego.

E então vai entender que julgar os outros e achar que você sabe como eles deveriam viver, é mais uma tentativa de se manter no controle. É necessário abandonar esse vício e ao fazer isso suas relações serão bem melhores e mais genuínas.

“Se você acha que é mais “espiritual” andar de bicicleta ou usar transporte público para se locomover, tudo bem, mas se você julgar qualquer outra pessoa que dirige um carro, então você está preso em uma armadilha do ego.
Se você acha que é mais “espiritual” não ver televisão porque mexe com o seu cérebro, tudo bem, mas se julgar aqueles que ainda assistem, então você está preso em uma armadilha do ego.
Se você acha que é mais “espiritual” evitar saber de fofocas ou notícias da mídia, mas se encontra julgando aqueles que leem essas coisas, então você está preso em uma armadilha do ego.
Se você acha que é mais “espiritual” fazer Yoga, se tornar vegano, comprar só comidas orgânicas, comprar cristais, praticar reiki, meditar, usar roupas “hippies”, visitar templos e ler livros sobre iluminação espiritual, mas julgar qualquer pessoa que não faça isso, então você está preso em uma armadilha do ego.
Sempre esteja consciente ao se sentir superior.
A noção de que você é superior é a maior indicação de que você está em uma armadilha egoica.
O ego adora entrar pela porta de trás. Ele vai pegar uma ideia nobre, como começar yoga e, então, distorce-la para servir o seu objetivo ao fazer você se sentir superior aos outros; você começará a menosprezar aqueles que não estão seguindo o seu “caminho espiritual certo”.
Superioridade, julgamento e condenação. Essas são armadilhas do ego.”

Mooji

Leitura recomendada:

ATENÇÃO PLENA, KABAT-ZINN: Nesse livro, o autor oferece instruções, respostas e reflexões tanto para quem já conhece as técnicas quanto para quem está começando a trilhar esse caminho. 

• O valor de trazer a atenção ao corpo e aos sentidos

• Como nos libertarmos da tirania dos pensamentos

• Como ver além da narrativa que a nossa mente conta

PRÁTICA DA MEDITAÇÃO ESSENCIAL: Nos tempos conturbados em que vivemos hoje, nunca a paz de espírito foi tão necessária, e Dalai Lama, considerado o maior líder budista da nossa época, nos oferece neste livro um panorama extraordinário de ensinamentos e palestras proferidas por ele sobre meditação, dando-nos as ferramentas necessárias para mergulhar num estado profundo de consciência e para nos libertarmos do fluxo interminável de pensamentos que ocupam a nossa mente.

O MILAGRE DA ATENÇÃO PLENA: é um guia clássico de meditação pelo qual gerações e gerações de leitores foram introduzidos na beleza de transformar a vida através da atenção plena. O Mestre Zen Thich Nhat Hanh conta nobres anedotas e oferece exercícios práticos que possibilitam o aprendizado de habilidades da atenção plena. Desde como lavar pratos até atender o telefone e descascar uma laranja, o autor nos lembra que cada momento contém dentro de si uma oportunidade de trabalharmos na direção de uma autocompreensão e tranquilidade maiores.